terça-feira, 17 de julho de 2018

Chopin ocean etude op 25 no 12 [4K/HD] Anastasia Huppmann

Chopin three new etudes trois nouvelles etudes no 1 f minor

Corrupção Real e Corrupção dos Tolos

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/author/fernandonogueiracosta/

Jessé Souza, no livro “A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato” (Rio de Janeiro: Leya, 2017), acha quando Sérgio Buarque elegia o patrimonialismo das elites que habitam o Estado como o grande problema nacional, ele não estava dando vida a nenhum sentimento novo. A corrupção do Estado era uma das bandeiras centrais do tenentismo.
A falta de homogeneidade de pensamento da casta dos guerreiros-militares permanece até os dias atuais. Sua confusão em relação à hierarquia das questões principais, refletiam (e refletem) uma carência real. Percebem a corrupção do Estado como efeito da captura do mesmo pela própria elite econômica com a finalidade de o usar para defender e aprofundar seus privilégios? Há uma conscientização coletiva dos desmandos de uma elite apenas interessada na perpetuação de seus privilégios?
Com o Estado na mão dos inimigos, após a Revolução de 1930, a elite do dinheiro paulistana descobre a esfera pública como arma. Tanto antes, como agora, o domínio da opinião pública parece ser a arma adequada para o controle oligárquico contra inimigos também poderosos.
Trata-se de um liberalismo repaginado e construído para convencer e não apenas oprimir. O moralismo da nascente classe média urbana seria a melhor maneira de adaptar o mandonismo privado aos novos tempos. O domínio do campo na cidade tem de ser civilizado, adquirindo as cores da moral e da decência, os mantras da classe média citadina. O que estava em jogo, segundo Jessé, era a captura agora intelectual e simbólica da classe média letrada pela elite do dinheiro, formando a aliança de classe dominante predominante no Brasil daí em diante.
Como se construiu esse projeto no alvorecer do século XX? “A USP, a Universidade do Estado de São Paulo, foi criada por essa mesma elite desbancada do poder político, e pensada como a base simbólica, uma espécie de think tankgigantesco, do liberalismo brasileiro a partir de então. E também desse projeto bem urdido de contrapor a força das ideias generalizadas na sociedade contra o poder estataldesde que este seja ocupado pelo inimigo político à época representado por Getúlio Vargas”.
Volta a atacar o bem-intencionado (e indefeso) Sérgio Buarque de Holanda. O “pai do Chico”, de acordo com a análise de Jessé, “é menos o criador e mais o sistematizador mais convincente do moralismo vira-lataque irá valer, a partir de então, como versão oficial pseudocrítica do país acerca de si mesmo. Como o Estado corrupto passa a ser identificado como o mal maior da nação, a elite do dinheiro ganha uma espécie de carta na manga que pode ser usada a partir de então sempre que a soberania popular ponha, inadvertidamente, alguém contrário aos interesses do poder econômico”.
A partir desse eixo intelectual eivado de prestígio, Jessé diz essa concepção ter se tornado dominante no país inteiro. Acho um exagero, na Era do Nacional-Desenvolvimentismo, ele extrapolar para o âmbito nacional esse papel da vida intelectual e letrada de “crítica ao Estado corrupto”. Reconhece a USP terproduzidotambémcoisa distinta do liberalismo conservador das elites. Florestan Fernandes e sua atenção aos conflitos sociais realmente fundamentais o provam.
Mas é uma tendência de esquerda dominada por duas razões:
  1. é menos poderosa que a versão dominante, posto que sem a networkcom as editoras, agências de financiamento, a grande imprensa e seus mecanismos de consagração;
  2. além de ela própria ter assimilado aspectos importantes da tradição conservadora elitista visíveis até no caso do próprio Florestan Fernandes.
“Todo o discurso elitista e conservador do liberalismo brasileiroestá contido em duas noções que foram desenvolvidas na USP e que depois ganharam o Brasil: as ideias de patrimonialismo e de populismo.”
As principais pessoas ligadas ao surgimento dessas ideias, segundo sua argumentação, comprovariam sua tese de sua influência avassaladora:
  1. Sérgio Buarque como criador da noção de patrimonialismo – continuada por Raymundo Faoro e vários outros –, e
  2. Francisco Weffort, um pouco mais tarde, como adaptador da ideia de populismo ao contexto brasileiro.
Que essas ideias conservadoras passam a dominar tanto a direita quanto a esquerda do espectro político é demostrado por Jessé com base na alegação do livro clássico de Sérgio Buarque, Raízes do Brasil, ter sido a fonte onde “o PSDB, o partido orgânico das elites paulistanas, hoje associado ao rentismo, retira todo o seu ideário e seu programa partidário”! Ao mesmo tempo, diz, “a sala nobre da fundação Perseu Abramo, do PT, tem também seu nome. Maior símbolo da colonização da esquerda pelo liberalismo conservador da elite conservadora parece-me impossível.”
Ora, Sérgio Buarque foi membro-fundador do Partido dos Trabalhadores em 1980. Antes, em 1947, tinha se filiado ao Partido Socialista Brasileiro. Tem uma história de vida e uma obra intelectual muito respeitável. A leitura de Jessé Souza é muito discutível.
Concordo mais com a crítica ao preconceito elitista contra o populismo. “Francisco Weffort, que foi também um dos fundadores do PT – como o próprio Sérgio Buarque – e depois ministro da cultura de FHC, sistematizou entre nós a outra ideia-força do liberalismo conservador: a do populismo como categoria explicativa do comportamento das classes populares na política. Como a ideia de patrimonialismo e de corrupção apenas estatal, a ideia de populismo também é pensada, inicialmente, para estigmatizar o legado de Vargas. Por extensão ela será usada para estigmatizar qualquer presença das massas na política.”
A noção de populismo, na ótica uspiana esnobe, evoca a mobilização manipulada das massas urbanas por meio de um líder carismático, modo apropriado para a demonização de figuras como Getúlio Vargas e Lula como demagogas. A noção de patrimonialismo esconde os interesses privados realmente predominantes no Estado e promove o rebaixamento geral dos brasileiros necessitados de política assistencialista. Daí os interesses estrangeiros são tratados como produto de uma moralidade superior.
“O conceito de patrimonialismo serve, precisamente, para encobrir os interesses organizados em O Mercado, que funcionam para se apropriar da riqueza social, já que a noção de privado é absurdamente pessoalizada, permitindo todo tipo de manipulação. A real função da noção de patrimonialismo é fazer o povo de toloe manter a dominação mais tosca e abusiva de um mercado desregulado completamente invisível.”
Na conclusão de seu livro, “A elite do atraso: Da escravidão à Lava Jato”, Jessé Souza adverte a respeito dos riscos da próxima eleição:
  1. espantalho da criminalização da política só serve para que a economia dispense a mediação da política e ponha seus lacaios sem voto e que se vangloriam de sua impopularidade vendida como cartão de visitas para a elite do atraso, como garantia da obediência cega à elite na rapina da população como um todo;
  2. espantalho da criminalização da esquerda e do princípio da igualdade social só serve para que a justa raiva e o ressentimento da população, que sofre sem entender os reais motivos do sofrimento, percam sua expressão política e racional possível.
“Foi assim que a mídia irresponsávelpossibilitou e pavimentou o caminho para a violência fascista do ódio cego dos bolsonaros da vida. O ódio fomentado todos os dias ao PT e a Lula produziu, inevitavelmente, Bolsonaro e sua violência em estado puro, agressividade burra e covarde. Agora, uma população pobre e à mercê de demagogos religiosos está minando as poucas bases civilizadas que ainda restam à sociedade brasileira. Essa dívida tem que ser cobrada da mídia que cometeu esse crime.”

domingo, 8 de julho de 2018

Globo tenta anular militares nacionalistas contra o desmonte neoliberal de Tio Sam

César Fonseca 

(é repórter de política e economia, blogueiro e editor do Independência Sul Americana)



1 – A Globo, porta voz do império americano, faz qualquer coisa para desgastar militares nacionalistas contrários ao desmonte neoliberal que o governo Temer, fantoche de Washington, promove, de forma acelerada.Criminalizar Geisel
2 – De repente, a família Marinho se empenha, desesperadamente, em criminalizar, especialmente, o governo Geisel(1974-1979), que incomodou muito os Estados Unidos, com seu nacionalismo econômico.
3 – Primeiro, ela divulgou documento da CIA dizendo que Geisel concordara com a política de perseguição implacável do governo Medici(1969-1974), de exterminar adversários do regime.
4 – Estranho, porque Geisel iniciou seu governo propondo abertura política, algo incompatível com extermínio de adversários.
5 – O documento da CIA diz que Geisel reiterou estratégia dos radicais do regime, de continuar torturando e matando os adversários, embora, diante da solicitação dos linhas-duras, tenha pedido tempo para analisar a questão.
6 – Contraditoriamente, no entanto, Wernon Walter, homem da CIA, na América do Sul, na ocasião, encaminhou ao Departamento de Estado americano reclamação de que Geisel era o principal obstáculo à continuidade da radicalização contra os adversários da ditadura.
7 – Em que acreditar: no documento da CIA, de agora, de que Geisel mandou matar, ou no despacho de Walter de que o general presidente era contra tal determinação?
8 – Por que detonar Geisel, símbolo do nacionalismo militar brasileiro, nesse momento, senão para evitar manifestações nacionalistas nas Forças Armadas contra desmonte neoliberal Temer/Washington, especialmente, de empresas caras aos militares, como Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás e Embraer?
9 – Segundo, a Globo volta, nessa semana, a detonar, indiretamente, Geisel, ao divulgar, no JN, que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), controlada por Washington, condenou o estado brasileiro[governado por Geisel] pela morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante a ditadura militar.
10 – A morte de Herzog levou Geisel a dar uma limpa nos calabouços da ditadura, demitindo militares, que se opunham à abertura política que empreendia.
Afastar Brasil dos BRICs
11 – O general presidente, sim, estava sob pressão do governo Jimmy Carter – e sua política fake News de direitos humanos – mas, não abriu mão de fechar acordo nuclear com Alemanha, irritando, com isso, os falcões do Pentágono.
12 – O objetivo maior dos militares nacionalistas brasileiros era alcançar o ciclo completo do combustível nuclear pela indústria nacional de defesa, que, como acontece nos países capitalistas desenvolvidos, protege soberania nacional e alavanca vanguardas tecnológicas, utilizadas em, praticamente, todas cadeias produtivas, no sistema capitalista, elevando produtividade geral da economia.
13 – Geisel, portanto, virou demônio para Washington, a partir do momento em que se empenhou, em 1975, na construção de plano nacional de defesa e estratégia de defesa nacional, aprovados, finalmente, em 2005 e 2007, durante governos Lula e Dilma.
14 – Eis porque Washington faz ligação direta entre Geisel e Lula-Dilma, já que os três potencializaram, keynesianamente, o desenvolvimentismo nacionalista, algo considerado inaceitável pelo império em terras sul-americanas, vistas, pelos gringos, como quintal de Tio Sam.
15 – Washington não está sossegado com o ambiente militar nacionalista brasileiro, reagente ao entreguismo neoliberal de Temer e cia ltda, razão pela qual criminalizar o assassino Geisel, histórico líder nacionalista, virou objetivo de seu porta-voz essencial, no Brasil, a Rede Globo.
16 – Geisel-Lula-Dilma nacionalista está na raiz da aproximação do Brasil dos chineses e russos, na construção dos BRICs, visão multilateralista, em contraposição ao unilateralismo neoliberal washingtoniano, na tarefa de construção de nova divisão internacional do trabalho, opção à dominação financeira global pelo dólar, desde o acordo de Bretton Woods, em 1944.
17 – O golpe neoliberal de 2016, articulado por Washington, tira o Brasil dos BRICs e o coloca na órbita de Washington, configurando vitória política geoestratégica de Tio Sam.
18 – Na sequência, o desmonte neoliberal.
19 – Estão indo para o sal, as estatais que os militares nacionalistas construíram, desde Getúlio Vargas: Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás, Embraer e bancos públicos, como BNDES, ao lado do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, todos estruturantes do desenvolvimento nacional.
20 – O golpe neoliberal em Lula e Dilma é, igualmente, golpe nos militares nacionalistas, agora, preocupados com possibilidade de verem ir para o buraco o que ajudaram a construir, ao lado de outras pepitas de ouro, como a Amazônia, a base de lançamento de foguetes de Alcântara, enquanto Tio Sam faz tremenda pressão para o governo neoliberal Temer apoiar invasão americana da Venezuela, para tomar seu petróleo.
Bye bye agronegócio
21 – No momento, Washington cuida, também, de levar o Brasil ao alinhamento com a OTAN, que contrapõe-se à estratégia dos BRICs e da Organização para a Cooperação de Shangai, operadora da montagem geopolítica estratégica de construção da Eurásia, nova fronteira do desenvolvimento global.
22 – Certamente, um dos grandes atrativos que a OTAN oferece aos militares brasileiros e da América do Sul – já está fazendo isso com Colômbia – é a substancial melhora na qualidade de vida deles.
23 – Alinhados à OTAN, teriam salários fabulosos, preço para deixarem nacionalismo de lado e sonho eurasiano, asiático, muito mais atrativo, por exemplo, aos exportadores brasileiros.
24 – O golpe de 2016 alinha-se o Brasil a Washington, sempre na condição de sócio menor, subserviente, mas não é bom negócio, especialmente, para o agronegócio, hoje, responsável por puxar o PIB nacional.
25 – O mercado para os produtos agrícolas brasileiros é, certamente, a China e Ásia, e não Estados Unidos, cujo agronegócio compete com o agronegócio nacional.
26 – Por isso, não é à toa que Washington, dando, agora, as cartas na Petrobrás, como se viu na política de preços suicida de Pedro Parente, impõe nova lógica à estatal petrolífera: exportar óleo cru e importar refinados, enquanto desarticula investimentos nas refinarias nacionais.
27 – Com preços internacionais das commodities agrícolas, principalmente, soja e milho, impactados pelo custo elevado do diesel e dos refinados importados, o agronegócio nacional perde competitividade para o agronegócio americano, no ambiente da guerra comercial China-EUA.
28 – Tomar conta da Petrobrás, submetendo-lhe à vontade de Washington, é fragilizar, consequentemente, o agronegócio brasileiro.
29 – Soma-se a isso o congelamento de gastos públicos, por vinte anos, como principal estratégia macroeconômica, em nome do ajuste fiscal neoliberal, que reduz renda disponível para o consumo, e tem-se a paralisia crescente da economia, que se verifica nesse momento.
30 – Nesse contexto, tem que ser anulada eventual resistência militar nacionalista contra o neoliberalismo militante de Temer/Washington, razão pela qual detonar o simbolismo nacionalista Geisel e seu sonho de construir Brasil Potência torna-se objetivo fundamental, tarefa na qual se empenha a Rede Globo.