segunda-feira, 10 de maio de 2021

Peter Brown: “Pior que esquecer a história é distorcê-la para avivar o ressentimento”

 Com 36 anos, demonstrou em ‘O mundo da Antiguidade Tardia’ que a tese da decadência de Roma era falsa. Para muitos, é o maior historiador vivo em língua inglesa. Falamos com ele em sua casa em Princeton sobre sua trajetória, o abandono das ciências humanas e a tendência política de manipular o passado para incutir o medo

O historiador irlandês Peter Brown em sua residência em Princeton, New Jersey (EUA), em 29 de abril.
O historiador irlandês Peter Brown em sua residência em Princeton, New Jersey (EUA), em 29 de abril.JOANA TORO

O gosto pela astronomia que Peter Brown (Dublin, 85 anos) desenvolveu quando criança foi um presságio da tarefa que o consagraria como historiador: o afã de esquadrinhar na escuridão os pontos de luz que definem a Antiguidade tardia (200-700 depois de Cristo), esse período durante o qual ocorreu o colapso de Roma, ganharam forma as religiões do livro e o cristianismo foi se estabelecendo na Europa. Um período que ganhou status acadêmico graças, precisamente, aos seus estudos.

A reedição em espanhol de O mundo da Antiguidade Tardia, uma de suas obras magnas, é uma oportunidade de redescobrir não só essa época erroneamente considerada sombria e seus tentadores paralelos com a atualidade, como também de rever a carreira do professor emérito de Princeton que antes lecionou em Oxford, sua alma mater, até 1975, do titã capaz de se rebelar contra Edward Gibbon, cuja tese da ruptura —a bem-sucedida, mas pouco justificada ideia de decadência e queda do Império Romano— teve uma releitura radical no conceito de transformação do Brown.

Venerado por gerações de historiadores, a jornalista o encontra em sua residência de Princeton suscita uma ansiedade pertinente. Assim como tentar descobrir que presente deseja alguém que tem tudo, o que se deve perguntar a um erudito, a um sábio de fama internacional? Tanta riqueza de conhecimento impõe respeito. Mas a cortesia do professor, que aguarda a chegada do táxi para me acompanhar até o interior de sua casa —luminosa e plácida, com torres de livros, porcelanas, miniaturas e cortinas de cretone—, desfaz qualquer acanhamento.

Na soleira, uma mesinha auxiliar coberta de azulejos que reproduzem os motivos florais de Iznik, a cerâmica do período otomano, faz o visitante valorizar sua beleza enquanto pronuncia o topônimo. “Iznik!” e, abracadabra, predispõe ao diálogo. A primeira referência, graças à cerâmica, é a Turquia, um país que Brown e sua esposa, Betsy, conhecem muito bem, como parada obrigatória para quem estudou Bizâncio em todas as suas formas. A Turquia voltará reiteradamente à conversa. “Qual sua opinião sobre Erdogan? Como vê a situação do país?”, pergunta logo o professor, em um exercício de maiêutica. Betsy lembra que Peter estudou turco, “esse idioma tão bonito, com um som lindo”, comenta ele com satisfação. Sobre seu vasto dom de línguas ele falará, entre divertido e modesto, mais tarde. “Agora estou aprendendo etíope”, conta, sem dar importância a isso. “Mas não o moderno, o antigo.”

Para um historiador total como Brown, herdeiro em fôlego de Fernand Braudel e discípulo de Arnaldo Momigliano, que atualidade tem um livro escrito há décadas? “Este livro é de 1971. Obviamente, minhas inquietações mudaram. A razão para me dedicar ao que agora chamamos de Antiguidade tardia era o desejo de estudar uma sociedade que tinha conservado suas raízes no mundo antigo, com o latim e o grego como línguas dominantes, mas ao mesmo tempo tinha começado a mudar. Era o estudo da mudança em uma sociedade inusualmente resistente. Costumávamos descartar esse período por ser um período de ruptura total. Não gostávamos de nada que víamos dele”, lembra Brown sobre a época que ele reabilitou epistemologicamente.

O professor Brown na biblioteca de sua casa em Princeton, em abril
O professor Brown na biblioteca de sua casa em Princeton, em abrilJOANA TORO

“Essa foi minha principal motivação: entender a natureza exata de certas crises, como as mudanças no Governo do Império Romano nos séculos III e IV. Queria descobrir se tinham sido desastrosas ou, na verdade, mudanças de ajuste da evolução; um equilíbrio entre a continuidade e a descontinuidade, a fragilidade e a resistência. Um exemplo: o surgimento de novos estilos de vida aristocrática nas províncias do Império Romano. Devo muito à arqueologia espanhola, aos grandes mosaicos de lugares como Carranque, que conheci naquela época. Achados que nos diziam: ei, as coisas não desmoronaram, mudaram, o foco já não está nas urbes”, a quintessência do mapa-múndi romano junto com sua malha viária espalhada como uma teia de aranha entre metrópoles.

“Acredito que uma das principais preocupações no campo da Antiguidade tardia era minar a noção fácil das invasões bárbaras”, acrescenta. A tentação de ver uma transcrição desse fenômeno para o da imigração irregular é fácil, tanto para um discurso tão raso como o dos populistas a granel como para esse outro, mais rebuscado, que propõe a perversa teoria da substituição. “Se você estiver olhando constantemente para uma imagem falsa do passado, procurando o reflexo de sua própria imagem, isso só o levará pelo caminho do racismo, do obscurantismo. Da xenofobia. Um bom exemplo são as invasões bárbaras. Todo mundo está ciente de que há problemas na Europa por causa da imigração em massa, mas é um terrível abuso histórico tratar um como uma repetição do outro”, explica Brown. Além disso, acrescenta, “o islã jihadista tragicamente protagonista hoje não tem nada a ver com o do profeta Maomé, com o islã de 300 anos atrás, são totalmente diferentes”.

Seu primeiro livro foi, no entanto, uma biografia de santo Agostinho, o norte-africano que o erudito destronou da santidade intitulando sua obra simplesmente como Augustine of Hippo: A Biography (lançada em português como Santo Agostinho: Uma Biografia). “Uma figura muito latina, um homem que representava um cristianismo imensamente opressivo. Lembro-me das críticas em espanhol ao meu ensaio; de como os europeus, principalmente os de origem católica, ainda consideravam Agostinho como parte de seu próprio mundo.”

Por intercessão intelectual do santo, Brown superou o etnocentrismo —ou seja, o eurocentrismo tradicional, que considera a civilização clássica como única fonte do Ocidente— e soube olhar em volta, outra de suas grandes conquistas como historiador. “Teria sido muito fácil continuar estudando só o cristianismo, mas me deparei com as descobertas da arqueologia, aprendi siríaco e hebraico e abri uma área cuja cultura chegava então até as cidades gregas da costa do Egeu, como Éfeso. Continuavam sendo cidades impressionantes, mas foram sendo criadas outras grandes obras, como Santa Sofia em Istambul.”

Portanto, prossegue ele sem abandonar o uso do plural de modéstia e com um levíssimo gaguejo ocasional, imperceptível, “vimos que havia um mundo lá fora e que não era possível escrever sobre ele como se tivéssemos de fechar as cortinas do Império Romano; era uma vida nova para o Império Romano, inclusive o profeta Maomé e o islã surgiram dessa cultura, não vieram do espaço exterior. Parte das raízes da Europa não está apenas na Europa. Também está no Oriente Médio e no sul do Mediterrâneo. Parte da riqueza da cultura europeia é, precisamente, sua abertura ao mundo. Em Santa Sofia, nos escritos dos Padres do Deserto...”.

Detalhe da biblioteca do Peter Brown em sua casa em Princeton.
Detalhe da biblioteca do Peter Brown em sua casa em Princeton. JOANA TORO / JOANA TORO

Brown é generoso na hora de destacar a contribuição de seus discípulos. Cita com carinho especial o espanhol Javier Arce e Jack Tannous, seu herdeiro em Princeton. Para o acadêmico, toda pesquisa é um grande investimento —em tempo, em conhecimento, em leituras: “Descobrir textos, ler com fluidez línguas como o árabe e o siríaco, é um trabalho duro, que precisa de um apoio adicional. Precisa de apoio institucional. Precisa de professores. Mas, quando você consegue, isso pode lhe dar uma visão muito mais rica e ampla do que as certezas estreitas”. Assim, sua opinião sobre o desdém com que alguns governos tratam as ciências humanidades é mais do que óbvia: “[Os políticos] estão mais preocupados com os custos de suas decisões. Estamos lidando com uma geração de políticos que carecem há muito tempo de uma educação humanista como a que nós tivemos. Não há nada mais trágico do que um homem que perdeu a memória”.

Sobre o julgamento da história, submetida ultimamente ao filtro da ultracorreção política —a demolição de estátuas de colonizadores e escravistas, por exemplo, depois de episódios de violência policial contra negros—, Brown, que passou parte de sua infância no Sudão colonial, onde seu pai era funcionário do Império Britânico, sustenta: “Não assumir a parte vergonhosa do passado é uma recusa a estar aqui, a ser adulto. Parte da identificação do adulto é o pertencimento a gerações anteriores. É como uma família, que nem sempre tem orgulho de seu tio ou seu avô... Qualquer pessoa madura deve assumir os membros anteriores de sua família, é um sinal de maturidade. Uma espécie de resiliência. Júlio César é um exemplo. Matou milhões de pessoas. E o terrível é que sabemos disso porque ele publicou. Devemos então rejeitar totalmente o Império Romano porque foi baseado nisso? Não, temos de aplicar, suponho, o que agora chamamos de visão binocular para enfocar corretamente”. O mesmo vale para episódios como a escravidão na antiga Roma, que permitia o acesso sexual dos homens às escravas, e o sistema semelhante que existiu nas plantações do sul da nova América, lembra ele.

Todas as ideias trazidas por Brown na salinha onde, em cadeiras de balanço frente a frente, ocorre a conversa rendem bastante, até mesmo ao ponto de estabelecer uma linha direta entre a inconsciência ou a incúria da história e a ignorância subjacente ao que chamamos de fake news. “Esquecer é uma tragédia. Pode libertar certas pessoas das más lembranças. Mas acho que o problema são as lembranças pela metade. Não é que tenhamos aberto mão da memória histórica, é que diminuímos nossa capacidade de nos interpor e criticar as falsas memórias históricas. Não se pode dizer que estes políticos, o Brexit, Trump, tenham ignorado a história, eles simplesmente a deturparam. Sabemos como isso foi feito nos países fascistas, nos países nazistas, nos países comunistas, e hoje também nos islâmicos. Distorcer a história é ainda pior do que esquecê-la. O perigoso são as meias memórias que os políticos utilizam para avivar o ressentimento e os medos.”

Também é especialmente reveladora sobre a validade hermenêutica das ciências humanas —como elas ajudam a entender o mundo ao explicá-lo— sua experiência no Irã pré-revolucionário. “Fui ao Irã em 1974 e 1976, pouco antes da Revolução Islâmica [1979]. O Governo dos EUA queria saber o que estava acontecendo e entrou em contato com muitos professores em Berkeley, mas a maioria era especialista em desenvolvimento, o grande conceito dominante nos anos sessenta e setenta, e estudava, é claro, do presente. No santuário de Mashhad, tive uma sensação quase de pavor, de que um algo muito sombrio e possivelmente terrível iria acontecer. Os outros professores não perceberam nada por trás da fachada de país em desenvolvimento.” Porque um historiador é um bom jornalista, lembra com cumplicidade, assim como um bom jornalista deve conhecer a história.

O proverbial dom de línguas do Brown —aprendeu farsi no Irã; o armênio também está nos planos— apoia sua insistência na aprendizagem de “línguas europeias, não só latim e grego, muito úteis para a pesquisa, mas as línguas europeias, sem o conhecimento das quais a dimensão do mundo [em inglês] é rasa e plana. A cultura europeia é uma cultura multilíngue, e a força da Europa não é sua uniformidade, mas sua diversidade. Os alunos que não leem de forma natural o francês, o alemão, o italiano e o espanhol me preocupam, porque deveriam fazer isso”.

Como convencer que concluiu o ensino médio a estudar história? “Com a metáfora da viagem. Se você quer ver as pirâmides do Egito, ou conhecer Sevilha, por que não viaja no tempo? Viajar amplia a mente; a história não é apenas saber sobre o passado. Essa é uma visão estreita. Trata-se também de conhecer um mundo mais amplo, seja na atualidade ou no passado.”

Ao terminar a entrevista, e enquanto Peter Brown tira o carro para levar a jornalista até a estação, Betsy Brown mostra com respeito, na esquina, a casa onde viveu Albert Einstein enquanto lecionou em Princeton. A conversa terminou minutos antes com um caso de Oxford, quando o professor deu a seus estudantes um livro em polonês. “Mas também dei um resumo em francês”, acrescenta, como quem conta uma travessura. Os Browns oferecem um rápido passeio por Princeton que é outra lição de história, do local da batalha de 1777 ao estilo gótico de faculdades e da reitoria. “Woodrow Wilson [28º presidente dos EUA], que foi reitor”, conta Brown ao volante, divertido, “disse que era mais fácil governar o país do que a universidade”.

I

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Biden, o reconhecimento e o genocídio armênio

 29 DE ABRIL DE 2021


 

Fonte da fotografia: Bairro Armênio de Adana após os massacres de 1909 - Domínio Público

Atribuir nomes aos atos brutais que os humanos são capazes de infligir uns aos outros nunca está isento de problemas. Existem gradações de terror, hierarquias de atrocidade e crueldade. Nestes, reinam os pedantes. Disputas fervilham e se enfurecem sobre se um “massacre” pode ser melhor descrito como um crime contra a humanidade ou uma contra-medida travada com grande tristeza contra um inimigo ameaçador. Raspe a superfície de tais argumentos e a verdade é desoladamente comum: apologistas de assassinato serão encontrados.

Com o Genocídio Armênio, os termos são muito importantes. O tratamento dado aos armênios pelos turcos enquanto o Império Otomano estava ficando sem oxigênio levou à deportação do leste da Anatólia em maio de 1915, que acabou causando cerca de 1,5 milhão de mortes. (A estimativa turca está perto de 300.000.) Havia muitas suspeitas de que os armênios cristãos estavam conspirando com a Rússia imperial e buscando o estabelecimento de um estado armênio sob proteção russa. Mas, o que é mais importante, o doente estado otomano, impulsionado pelo Comitê de Unidade e Progresso (CUP), estava entrando em uma fase de homogeneização assassina.

Henry Morgenthau, o embaixador dos Estados Unidos no Império Otomano entre 1913 e 1916, criticou fortemente a conduta das forças otomanas no que ele descreveu como uma “campanha de extermínio racial”. Em relação às deportações de armênios, ele insistiu que as autoridades turcas sabiam, ao implementá-las, que elas constituíam “dar a sentença de morte a uma raça inteira”. Seu protesto teve a aprovação do então Secretário de Estado dos Estados Unidos, Robert Lansing.

Chamar um evento histórico de genocídio exige atenção especial ao significado da palavra, conotando tanto o estado mental quanto o planejamento institucional na destruição de uma raça, nacionalidade, grupo étnico ou religioso. Isso foi anteriormente resistido pelos presidentes dos EUA. A adesão da Turquia à aliança da OTAN também fez com que as administrações da Casa Branca evitassem irritar Ancara.

Menos relutantes em reconhecer o Genocídio Armênio foram os membros do Congresso dos EUA, que aprovaram uma resolução em 2019 resolvendo "comemorar o Genocídio Armênio por meio de reconhecimento oficial e lembrança", rejeitando "esforços para alistar, engajar ou de outra forma associar o Governo dos Estados Unidos negação do Genocídio Armênio ou de qualquer outro genocídio ”.

A administração Biden se juntou à dobra, sinalizando um afastamento da reserva cautelosa anterior. Em 24 de abril, o presidente Joe Biden falou sobre lembrar “a vida de todos aqueles que morreram no genocídio armênio da era otomana”. Era necessário "permanecer sempre vigilante contra a influência corrosiva do ódio em todas as suas formas".

Com toda essa virtude transbordante, seria fácil esquecer a facilidade com que o genocídio foi politizado ao longo das décadas. Os Estados Unidos dificilmente poderiam se considerar imunes a isso. Apesar da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição de Genocídio de 1948 ter entrado em vigor em janeiro de 1951, os Estados Unidos só ratificaram o instrumento em 1988. A American Bar Association e um Senado suspeito consideraram o genocídio especificamente e os direitos humanos de forma mais ampla como uma questão de interesse doméstico, não internacional. Ratificar a Convenção perturbaria, também eles, o equilíbrio das relações entre os estados.

A resistência contra a Convenção revelou-se formidável. Isso levou o Secretário de Estado dos EUA, John Foster Dulles, a prometer aos membros do Comitê Judiciário do Senado em 6 de abril de 1953 que a administração Eisenhower nunca “se tornaria parte de qualquer pacto [de direitos humanos] para consideração do Senado”. Esse campo se tornaria o domínio de "métodos de persuasão, educação e exemplo". Foi necessária uma campanha implacável do grupo guarda-chuva de organizações conhecido como “Comitê Ad Hoc sobre Direitos Humanos e Tratados de Genocídio” para forçar o reconhecimento da questão no país, sem mencionar um número crescente de constrangimentos no cenário internacional.

A negação do genocídio armênio tem sido uma plataforma de andaimes da política turca, reforçada por leis que criminalizam o uso do termo por razões de "segurança nacional" e publicitários que, intencionalmente ou não, defenderam a causa de Ancara. Certos estudiosos tentaram atirar pedras no argumento do planejamento central e da pré-meditação. O debate, em alguns pontos, torna-se assustadoramente redutor, travado sobre a memória histórica e os cadáveres. esforço de Guenter Lewy insiste na culpa parcial dos armênios que "lutaram contra os turcos abertamente ou desempenharam o papel de uma quinta coluna", enquanto questionava "se o regime dos jovens turcos durante a Primeira Guerra Mundial organizou intencionalmente os massacres que ocorreram". Ele descarta o grande número de mortes como não probatórias de conhecimento ou intenção.

Infelizmente para Lewy, leituras selecionadas são uma espécie de forte, como costumam ser quando o objeto precisa se encaixar na caixa da presunção. Suas citações de uma figura particularmente notória, Dr. Mustafa Reşid, governador da província de Diyarbekir, são adornos seletivos que focam no caos e na impossibilidade de ter “uma deportação ordeira”. Infelizmente, o mesmo governador ficou muito entusiasmado em alguns pontos ao lidar com aqueles “micróbios que infestam” a pátria; pensando em seu trabalho como médico, cabia a ele “erradicar os doentes”.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavuşoğlu, sentiu que o reconhecimento do genocídio por Biden não contribuiu em nada para acrescentar ou diminuir os livros de história. “As palavras não podem mudar ou reescrever a história. Não temos lições para aprender de ninguém em nossa história. ”

Infelizmente, e reveladoramente, o tratamento dispensado aos armênios pela Turquia otomana forneceu lições sombrias para o cenário internacional. Na véspera da invasão da Polônia pela Alemanha nazista em 1939, Adolf Hitler deu um briefing para seus generais em Obersalzberg, contemplando a iminente matança em massa. Genghis Khan fora responsável pelo assassinato de milhões de mulheres e crianças, ele deu um sermão, e o fez com o coração alegre. “A história o vê apenas como um grande construtor de estado.” Por conseguinte, era apropriado que as unidades da Cabeça da Morte tivessem sido enviadas para o Leste “com a ordem de matar sem misericórdia homens, mulheres e crianças de raça ou língua polonesa. Só assim ganharemos o lebensraum de que necessitamos. Afinal, quem fala hoje da aniquilação dos armênios? ”

Binoy Kampmark foi bolsista da Commonwealth no Selwyn College, Cambridge. Ele leciona na RMIT University, Melbourne. Email: bkampmark@gmail.com

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Que a tocha do multilateralismo ilumine sempre o caminho da humanidade – 25/1/2021, Presidente Xi Jinping, fala ao Fórum Econômico Mundial, Davos. Xinhua

 


(Tradução de trabalho, não oficial, ing.-port., para finalidades acadêmicas)


Professor Klaus Schwab,
Senhoras e senhores,
Amigos,

O ano que passou foi marcado pela súbita investida da pandemia da COVID-19. A saúde pública global enfrentou grave ameaça e a economia mundial foi atolada em profunda recessão. A humanidade viu-se diante de múltiplas crises raramente vistas na história da humanidade.

O ano passado também testemunhou a enorme determinação e coragem das pessoas ao redor do mundo, para combater o coronavírus mortal. Guiado pela ciência, pela razão e por um espírito humanitário, o mundo obteve progresso inicial na luta contra a COVID-19. Dito isto, a pandemia está longe de ter terminado. O recente ressurgimento de casos da COVID nos lembra que devemos continuar a luta. No entanto, continuamos convencidos de que o inverno não pode deter a chegada da primavera e que a escuridão nunca derruba a luz do amanhecer. Não há dúvida de que a humanidade prevalecerá sobre o vírus e emergirá deste desastre, ainda mais forte.

Senhoras e senhores,
Amigos,

A história está avançando e o mundo não voltará a ser o que foi. Cada escolha e movimento que fizermos hoje moldará o mundo do futuro. É importante que abordemos adequadamente as quatro principais tarefas que todos enfrentamos nesse nosso tempo.

A primeira das nossas tarefas é intensificar a coordenação da política macroeconômica e promover conjuntamente crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo, da economia mundial.

Estamos passando pela pior recessão desde o final da Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez na história, as economias de todas as regiões foram duramente atingidas ao mesmo tempo, com as cadeias industriais e de abastecimento globais obstruídas, e o comércio e os investimentos, em baixa. Apesar dos trilhões de dólares em pacotes de ajuda em todo o mundo, a recuperação global é bastante instável, e as perspectivas permanecem incertas. Precisamos nos concentrar nas prioridades atuais, e garantir o equilíbrio entre a resposta à COVID e o desenvolvimento econômico. A política de apoio macroeconômico deve ser intensificada, para tirar a economia mundial, o mais cedo possível, das cercas em que se enredou. Mais importante ainda, precisamos olhar além do horizonte e fortalecer nossa vontade e nossa determinação na direção da mudança. Precisamos mudar as forças motrizes e os modelos de crescimento da economia global e melhorar essas estruturas, de modo a dar rumo ao desenvolvimento a longo prazo, sólido e estável, da economia mundial.

A segunda das nossas tarefas é abandonar o preconceito ideológico e seguirmos juntos um caminho de coexistência pacífica, de benefício mútuo e de cooperação ganha-ganha.

Não há duas folhas idênticas no mundo, e nem há histórias, culturas ou sistemas sociais iguais. Cada país é único com sua própria história, cultura e sistema social. E não há país, história ou cultura superior aos demais. Os melhores critérios a observar é aferir se a história, a cultura e o sistema social de um país encaixam-se em sua situação particular, se desfrutam do apoio das pessoas, se servem para proporcionar estabilidade política, progresso social e vida melhor, e se contribuem para o progresso humano. As diferentes histórias, culturas e sistemas sociais são tão antigas quanto as sociedades humanas, e todas têm as características inerentes à civilização humana. Não haverá civilização humana sem diversidade, e tal diversidade continuará a existir por tanto tempo quanto se possa imaginar.

Nenhuma diferença, considerada em si, é motivo de alarme. O que faz soar os alarmes é arrogância, o preconceito, o ódio; e a tentativa de impor hierarquia à civilização humana ou quem tente impor a própria história, cultura e sistema social a outros.

A escolha certa é que os países busquem a coexistência pacífica baseada no respeito mútuo e na expansão de pontos em comum, ao mesmo tempo em que arquivem as diferenças, e que promovam o intercâmbio e o aprendizado mútuo. Essa é a via para acrescentar ímpeto ao progresso da civilização humana.

A terceira tarefa à nossa espera é pôr fim à divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. E, em conjunto, trazer crescimento e prosperidade para todos.
Hoje, a desigualdade continua a crescer, o fosso Norte-Sul permanece, ainda não foi superado; e o desenvolvimento sustentável enfrenta sérios desafios. Com todos os países lutando lutam contra a pandemia, os respectivos processos de recuperação econômica seguem trajetórias divergentes. E a fenda que separa Norte e Sul corre o risco de aumentar e, mesmo, de se perpetuar.

Países em desenvolvimento aspiram sempre a mais recursos e mais espaço para se desenvolver, e pedem representação e voz mais fortes na governança econômica global.

Temos de reconhecer que, com o crescimento dos países em desenvolvimento, a prosperidade e a estabilidade global serão afinal postas em base mais sólida, e os países desenvolvidos poderão beneficiar-se também desse crescimento.

A comunidade internacional deve manter seus olhos no longo prazo, honrar seu compromisso com o futuro garantir o apoio necessário aos países em desenvolvimento, salvaguardando os legítimos interesses de desenvolvimento de todos.

A igualdade de direitos, igualdade de oportunidades, e regras iguais, devem ser reforçadas, para que todos os países se beneficiem das oportunidades e frutos do desenvolvimento.

A quarta tarefa que nos espera é nos unir contra os desafios globais e, em conjunto, criar um futuro melhor para a humanidade.

Na era da globalização econômica, emergências de saúde pública como a COVID-19 podem sempre se repetir, e a governança global da saúde pública precisa ser aprimorada.

A Terra é nossa casa, nossa casa comum. Ampliar os esforços para enfrentar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável tem a ver com o futuro da humanidade. Nenhum problema global pode ser resolvido só por um país. Deve haver ação global, resposta global e cooperação global.

Senhoras e Senhores,
Amigos,

Os problemas que o mundo enfrenta são intrincados e complexos. A maneira de sair deles é sustentar o multilateralismo e construir uma comunidade com futuro partilhado para a humanidade.

Em primeiro lugar, devemos permanecer comprometidos com a abertura e a inclusão, não com fechamento e exclusão.

Multilateralismo implica que assuntos internacionais sejam tratados mediante consultas. E que o futuro do mundo seja decidido por todos, trabalhando juntos.

Tentar criar pequenos círculos ou iniciar uma nova Guerra Fria, rejeitar, ameaçar ou intimidar, tentar deliberadamente promover separação, divisão, interrupção do fornecimento de bens e serviços, ou impor sanções – para gerar isolamento ou distanciamento –, só empurrará o mundo para divisão cada vez mais profunda e, até, para o confronto.

Nenhum país superará sozinho desafios globais, em mundo dividido, e o confronto nos levará a um beco sem saída.

A humanidade aprendeu lições pela via mais difícil, e nem faz muito tempo. Não devemos voltar ao caminho do passado.

A abordagem correta é agir a partir da noção de uma comunidade humana, com futuro compartilhado.

Devemos defender os valores comuns da humanidade, ou seja, paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade, elevar-nos acima do preconceito ideológico, tornar os mecanismos, princípios e políticas de nossa cooperação tão abertos e inclusivos quanto possível e, em conjunto, salvaguardar a paz e a estabilidade mundial.

Devemos construir uma economia mundial aberta, manter o regime comercial multilateral, descartar padrões, regras e sistemas discriminatórios e excludentes, e derrubar barreiras que dificultem o comércio, o investimento e as trocas tecnológicas.

Devemos fortalecer o G20 como o principal fórum para a governança econômica global; engajar-nos em coordenação mais estreita da política macroeconômica e manter as cadeias industriais e de fornecimento globais estáveis e abertas.

Devemos assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro global, promover a reforma estrutural e expandir a demanda agregada global, no esforço para lutar por maior qualidade e maior resiliência no desenvolvimento econômico global.

Em segundo lugar, devemos permanecer comprometidos com o direito internacional e as regras internacionais, em vez de buscar a própria supremacia.

Os antigos chineses acreditavam que “a lei é o próprio fundamento da governança”.

A governança internacional deve basear-se nas regras e nos consensos alcançados entre nós, não na ordem que um, ou poucos, tente impor aos demais.

A Carta das Nações Unidas é a norma básica e universalmente reconhecida que rege as relações de Estado a Estado. Sem o direito internacional e regras internacionais que são formadas e reconhecidas pela comunidade global, há risco de que o mundo volte à lei da selva, e a consequência seria devastadora para a humanidade.

Precisamos ser resolutos na defesa do Estado Internacional de Direito e firmes em nossa determinação de salvaguardar o sistema internacional construído em torno da ONU; e a ordem internacional baseada no direito internacional.

As instituições multilaterais, que fornecem as plataformas para colocar o multilateralismo em ação e que são a arquitetura básica que sustenta o multilateralismo, devem ter sua autoridade e eficácia salvaguardadas.

As relações de Estado a Estado devem ser coordenadas e regulamentadas mediante instituições e regras adequadas.

Que os fortes não vivam de tentar intimidar os fracos.

Nenhuma decisão deve ser tomada simplesmente porque alguém exiba músculos, ou mostre o punho cerrado.

O multilateralismo não deve ser usado como pretexto para atos de unilateralismo.

Os princípios devem ser preservados, e as regras, uma vez feitas, devem ser seguidas por todos. A ninguém interessa optar por algum tipo de “Multilateralismo seletivo”.

Em terceiro lugar, devemos manter o compromisso de consulta e cooperação, em vez de sempre buscar o conflito e o confronto.

As diferenças na história, cultura e sistema social não devem ser pretexto para antagonismo ou confronto, mas, sim, devem ser incentivo à cooperação.

Devemos respeitar e acomodar as diferenças, evitar a intromissão nos assuntos internos de outros países e resolver os desacordos mediante consultas e diálogo.

A história e a realidade deixaram claro, repetidamente, que a abordagem equivocada de antagonismo e confronto, seja na forma de guerra fria, guerra quente, guerra comercial ou guerra tecnológica, sempre prejudica os interesses de todos os países e mina o bem-estar de todos.

Devemos rejeitar a mentalidade antiquada da Guerra Fria e do jogo de soma zero.

Devemos aderir ao respeito mútuo e à acomodação, e aumentar a confiança política mediante a comunicação estratégica.

É importante que nos atenhamos ao conceito de cooperação baseado no benefício mútuo, que digamos não às políticas de depauperar o vizinho até forçá-lo à dependência, e que ponhamos fim à prática unilateral de reservar as vantagens no desenvolvimento, cada um para si.

A igualdade de direitos ao desenvolvimento deve ser garantida a todos os países, para promover o desenvolvimento comum e a prosperidade geral.

Devemos defender a competição justa, quando como se compete pela excelência numa pista de corrida, em vez de nos pormos a esmurrar uns aos outros, todos numa arena de luta-livre.

Nossa quarta tarefa é manter o compromisso de acompanhar os tempos, em vez de rejeitar toda e qualquer mudança. O mundo está passando por mudanças que não se viram ao longo de um século. É chegado o momento de grande desenvolvimento e grande transformação.

Para manter o multilateralismo no século XXI, devemos promover sua bela tradição, assumir novas perspectivas e olhar para o futuro. Precisamos manter os valores centrais e os princípios básicos do multilateralismo. Também precisamos nos adaptar ao cenário internacional em mudança, e responder aos desafios globais à medida que eles surjam.

Precisamos reformar e melhorar o sistema de governança global com base em amplas consultas e na construção de consensos.

Precisamos desempenhar plenamente o papel da Organização Mundial da Saúde na construção de uma comunidade global de saúde para todos.

Precisamos avançar a reforma da Organização Mundial do Comércio e do sistema financeiro e monetário internacional de forma a impulsionar o crescimento econômico global e proteger os direitos, interesses e oportunidades de desenvolvimento dos países em desenvolvimento.

Precisamos seguir uma orientação política centrada nas pessoas e baseada em fatos, na exploração e formulação de regras sobre governança digital global.

Precisamos cumprir o Acordo de Paris sobre mudança climática e promover o desenvolvimento verde.

Precisamos dar prioridade contínua ao desenvolvimento, implementar a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030 e garantir que todos os países, especialmente os países em desenvolvimento, participem dos frutos do desenvolvimento global.

Senhoras e Senhores,
Amigos

Após décadas de esforços árduos do povo chinês, a China está a caminho de concluir a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos.

Obtivemos ganhos históricos no esforço para pôr fim à pobreza extrema e embarcamos em nova jornada rumo à construção plena de um país socialista moderno.

Agora que a China entra em nova etapa de desenvolvimento, seguiremos nova filosofia de desenvolvimento e promoveremos novo paradigma de desenvolvimento, com a circulação doméstica como pilar principal, e as circulações domésticas e internacionais reforçando-se mutuamente.

A China trabalhará com outros países para construir um mundo aberto, inclusivo, limpo e belo que desfrute de paz duradoura, segurança universal e prosperidade comum.

– A China continuará a participar ativamente da cooperação internacional na luta contra a COVID-19.

A contenção do coronavírus é a tarefa mais urgente para a comunidade internacional. Isto porque as pessoas e a vida devem ser sempre colocadas à frente de qualquer outra coisa. É também o que é preciso para estabilizar e reavivar a economia.

Mais solidariedade e cooperação, mais compartilhamento de informações e uma resposta global mais forte são o que precisamos para derrotar a COVID-19 em todo o mundo.

É especialmente importante ampliar a cooperação em Pesquisa & Desenvolvimento, a produção e a distribuição de vacinas, e torná-las bens públicos que sejam verdadeiramente acessíveis às pessoas em todos os países.

Até agora, a China já prestou assistência a mais de 150 países e 13 organizações internacionais, enviou 36 equipes de especialistas médicos a países necessitados e permaneceu fortemente solidária e ativamente engajada na cooperação internacional sobre as vacinas anti-COVID.

– A China continuará a compartilhar sua experiência com outros países, fará o seu melhor para ajudar os países e regiões menos preparados para a pandemia e trabalhará para aumentar a disponibilidade e a acessibilidade econômica das vacinas COVID nos países em desenvolvimento.

Esperamos que estes esforços contribuam para uma vitória antecipada e completa sobre o coronavírus em todo o mundo.

– A China continuará a implementar sua estratégia de ganha-ganha, com abertura vantajosa para todas as partes.

A globalização econômica atende à necessidade de crescente produtividade social e é um resultado natural do avanço científico e tecnológico.

A ninguém beneficia usar a pandemia como desculpa para reverter a globalização e pregar o isolamento e desacoplamento.

Como apoiadora de longa data da globalização econômica, a China está empenhada em seguir adiante com sua política fundamental de abertura.

– A China continuará a promover a liberalização e facilitação do comércio e dos investimentos, ajudará a manter suaves e estáveis as cadeias industriais e de fornecimento globais, e avançará na cooperação de alta qualidade da Iniciativa Cinturão e Estradas.

A China promoverá a abertura institucional que abrange regras, regulamentos, gestão e normas.

Promoveremos um ambiente de negócios baseado em princípios de mercado, regido por lei e de acordo com padrões internacionais. E acionaremos o potencial do enorme mercado chinês e da enorme demanda interna.

Esperamos que estes esforços tragam mais oportunidades de cooperação para outros países e deem novo impulso à recuperação econômica global e ao crescimento.

– A China continuará a promover o desenvolvimento sustentável.

A China implementará plenamente a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030. E mais faremos na frente ecológica, transformando e melhorando a estrutura industrial e o mix energético em nosso país, a ritmo mais rápido, e promovendo um modo de vida e produção verde e com baixo teor de carbono.

Anunciei o objetivo da China de reduzir as emissões de dióxido de carbono ao mínimo estipulado para 2030 e de alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060. O cumprimento destas metas exigirá trabalho árduo da China.

Mas acreditamos que quando os interesses de toda a humanidade estão em jogo, a China deve dar um passo à frente, tomar medidas e fazer o que tenha de ser feito. A China está elaborando planos de ação e tomando medidas específicas desde já, para garantir o cumprimento das metas estabelecidas.

Fazemos o que estamos fazendo como ação concreta para manter o multilateralismo e como contribuição para proteger nossa casa comum e realizar o desenvolvimento sustentável da humanidade.

– A China continuará a fazer avançar a ciência, a tecnologia e a inovação. A ciência, a tecnologia e a inovação são motor-chave para o progresso humano, arma poderosa para enfrentar muitos desafios globais e a única maneira de a China promover um novo paradigma de desenvolvimento e alcançar um desenvolvimento de alta qualidade.

A China vai investir mais em ciência e tecnologia, desenvolver como prioridade um sistema de capacitação para a inovação, transformar avanços na ciência e tecnologia em produtividade real em um ritmo mais rápido, e melhorar a proteção da propriedade intelectual, tudo com o objetivo de promover o crescimento impulsionado pela inovação e de maior qualidade.

Os avanços científicos e tecnológicos devem beneficiar toda a humanidade em vez de serem usados para refrear e conter o desenvolvimento de outros países.

A China pensará e agirá com mais abertura em relação ao intercâmbio internacional e à cooperação em ciência e tecnologia. Trabalharemos com outros países para criar um ambiente aberto, justo, equitativo e não discriminatório para o avanço científico e tecnológico, que seja benéfico para todos e compartilhado por todos.

– A China continuará a promover novo tipo de relações internacionais. O jogo de soma zero, ou o jogo do vencedor leva tudo, não é a filosofia norteadora do povo chinês. Como seguidora fiel de uma política externa independente e de paz, a China está trabalhando arduamente para superar as diferenças, mediante o diálogo; para resolver disputas mediante a negociação; e para buscar relações amistosas e cooperativas com outros países com base no respeito mútuo, igualdade e benefício mútuo.

Como membro firme dos países em desenvolvimento, a China aprofundará ainda mais a cooperação Sul-Sul e contribuirá para o esforço dos países em desenvolvimento para erradicar a pobreza, aliviar o peso da dívida e alcançar mais crescimento.

A China se engajará mais ativamente na governança econômica global e pressionará por uma globalização econômica mais aberta, inclusiva, equilibrada e benéfica para todos.

Senhoras e Senhores,
Amigos,

Há apenas uma Terra e um futuro comum para a humanidade. Como lidamos com a crise atual e nos esforçamos para fazer um dia melhor para todos, precisamos estar unidos e trabalhar juntos.

Temos mostrado repetidamente que a política de converter os vizinhos em mendigos, avançar sozinho e cair em arrogante isolamento sempre falhará.

Vamos todos de mãos dadas. E deixemos que o multilateralismo ilumine nosso caminho rumo a uma comunidade com futuro partilhado para a humanidade.

Obrigado.